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Editorial - Eternos miseráveis
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Eternos miseráveis
Eternos miseráveis

EditorialEdição 70329/03/2017

Há algumas semanas o presidente Michel Temer e seu séquito debandaram-se de Brasília para o agreste de Pernambuco para inaugurar a primeira fase das obras da polêmica transposição do Rio São Francisco. Como a obra começou no governo Lula, do PT, e prosseguiu durante a administração de sua sucessora Dilma Roussef, cujo mandato foi cassado e possibilitou a ascensão de Temer, cujo governo os petistas e apoiadores classificam como ilegítimo, o presidente não chamou a si a paternidade da obra, embora a estivesse inaugurando, mas a classificou como de paternidade “dos brasileiros”, no que, aliás, tem razão, porque fomos nós quem pagamos a conta. Duas semanas depois, Lula e Dilma foram ao mesmo local para, também, “inaugurarem” a obra, cuja paternidade reclamam para seus governos. Distante da politicalha, os sertanejos por cujas terras passa o canal de transposição choram as pitangas: berram porque as indenizações pagas pelo Governo Federal (seja Lula, Dilma ou Temer) pelas terras desapropriadas para a construção da obra foram ridículas. Teve família que recebeu R$ 21 mil por 70 mil m² de área de terreno, ou seja, sete hectares, e família que chegou a receber minguados R$ 13 mil reais, “dinheiro que não deu nem para que construíssem uma outra casinha”, segundo um dos sertanejos reclamou num site de notícias. Todos estão (e vão ficar muito tempo) na Justiça para tentarem receber o que consideram justo. 
Não vamos entrar aqui na discussão se a obra deveria ser feita, se realmente vai ajudar ou prejudicar ainda mais o sertão nordestino, com a diminuição da vazão do Rio São Francisco com a distribuição de parte de suas águas para fora de seu curso normal. O que interessa aqui é que, de fato, como costuma acontecer, o governo – qualquer governo – sempre mete a mão na propriedade alheia, avaliando-a por preços ridículos quando das desapropriações e manda o sujeito que vá se estatelar nas barras dos tribunais se quiser um dia, quem sabe, talvez, receber o valor justo pelo que lhe foi tomado. No caso das centenas de pequenos proprietários das terrinhas expropriadas (sim, porque aqui expropriadas seria o termo mais correto) pelas administrações Lula, Dilma e Temer, a injustiça é muito maior, porque são todos pobres que tinham seu pedacinho de chão para criar algumas vaquinhas ou bodes e plantar alguma coisinha, quando a chuva permitia e nem isso mais terão. Ou seja, com ou sem transposição das águas do São Francisco, serão, sempre, os eternos miseráveis.


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