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Editorial 1139: Popó Filho contra Wanderlei: imperdoável

Embora muita gente não concorde com dois homens se socando e agarrando em um tatame ou ringue, o fato puro e simples é que, desde a antiguidade, a luta sempre foi um grande espetáculo para o grande público, desde a época dos gladiadores romanos. O tempo tratou de cultivar esse embate físico como um mero esporte, um entretenimento para a maioria do povo que o aprecia, enquanto é fonte de renda altíssima para os apostadores, agenciadores, promotores e, em alguns casos, para os próprios lutadores. O esporte, por outro lado, traz paixões que, por vezes, saem do controle de alguns. No futebol, são comuns, infelizmente, as brigas dentro e fora de campo, seja entre os próprios jogadores, seja entre as torcidas, a ponto de haver, nesse último caso, uma série de mortes.

No último fim de semana, os brasileiros que assistiam à luta entre Wanderlei Silva e Acelino Popó, depararam-se, no final do embate, com uma sequência de cenas absolutamente imperdoável, seja do ponto de vista do entretenimento, seja do ponto de vista do esporte, seja do ponto de vista criminal. Declarado vencedor, pela desclassificação de Wanderlei Silva, que lhe teria dado duas cabeçadas (o que é proibido pelas regras do boxe), Acelino Popó correu para o cordame que cerca o ringue, comemorando a vitória com sua equipe e a torcida. Nesse momento, ao invés de partirem para o abraço no vencedor, sob o evidente comando do filho de Popó, um rapaz brutamontes como o pai, a equipe adentrou o ringue, e partiu aos socos para cima de Wanderlei, que estava no outro canto do ringue, amargando sua derrota. O próprio Acelino Popó tentou, sem sucesso, segurar a ira do filho, mas não conseguiu, até que seu filhote deu um soco por detrás, na nuca de Wanderlei, que, ao virar-se de imediato, recebeu, do mesmo “menino”, um soco violentíssimo na cabeça, que o levou a nocaute, chegando a causar-lhe desmaio e convulsões. Ninguém, absolutamente ninguém, aprovou a atitude do filho de Popó e seus comparsas, numa ação que, facilmente, pode ser classificada como criminosa. O motivo da agressão gratuita, chega a ser ridículo: durante a fase das “provocações”, aquele momento em que, para pura propaganda, um faz xingamentos a outro, Popó teria dito que Wanderlei seria um “cachorro morto”, recebendo como resposta que Popó seria um “bunda mole”, expressão considerada ofensiva pelo filhinho de Acelino Popó. É triste, e lamentável.

No futebol brasileiro, chegamos a um ponto, nas brigas entre torcidas, que a Justiça proíbe que certos jogos ocorram com as torcidas de ambos os times nas arquibancadas. Nas brigas entre jogadores, em campo, muitas vezes, são suspensos ou banidos do esporte. Em qualquer caso, a alegria do esporte, do entretenimento ao público, esvai-se na mera irresponsabilidade, muitas vezes, criminosa. No caso do filho de Popó e Wanderlei, raramente visto no Brasil, há de ser a punição judicial exemplar, para que, quem sabe, nunca mais tenhamos que ver a barbárie num ringue.

 
 
 

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