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Editorial 1141: Que Titanic é esse?

Nada mais comum que, no último ano de seus mandatos, prefeitos, governadores e até presidentes da República, vejam-se, logo no primeiro semestre, abandonados por fiéis assessores que se veem obrigados a deixar, por força da lei eleitoral, seus cargos no Executivo, para lançarem-se candidatos ao Legislativo de suas cidades, estados ou da Federação. Também é comum a debandada de auxiliares diretos ou indiretos, quando estoura algum escândalo na administração, seja envolvendo o chefe, seja envolvendo secretários ou ministros, e aconteçam exonerações forçadas, enquanto outros deixam seus cargos para não se verem envolvidos na trama, nem queiram permanecer próximo aos envolvidos. Nada disso ocorreu nesses pouco mais de nove meses da gestão atual do prefeito Rodrigo Riera, que teve início em 1º de janeiro deste ano, mas a debandada, o abandono de barco que se tem visto, com secretários e assessores de importantes funções pedindo para saírem – e, efetivamente, saindo – está causando estranheza, até porque, nas suas duas gestões anteriores (2013/2016 e 2017/2020), Riera conseguiu manter a unidade de seu grupo, salvo um ou outro caso isolado.

No entanto, nos nove meses atuais, nada menos que sete auxiliares nomeados pelo prefeito deixaram seus cargos a pedido, além de Peter Rennó, que, infelizmente, falecera há pouco. Nem todos eram secretários municipais, ou seja, pertenciam ao chamado primeiro escalão, mas a saída do secretário de Industria e Comércio, por exemplo, uma secretaria fundamental, ou a do secretário de Informática, dos advogados Miguel Otávio e de dois dos procuradores municipais, e até mesmo de um importante quadro da Secretaria de Saúde, não parece ser comum, na gestão de um prefeito que teve seu grupo unido no passado.

Como dissemos, não há notícias de que estamos diante de um Titanic, cujo comandante, por arrogância ou por insistir em manter na ponte de comando um auxiliar com o qual os demais não “bicam”, estaria se dirigindo a todo vapor para um iceberg. No entanto, a desculpa (ainda não dada, diga-se) pelos demissionários de que deixaram o barco “por motivos particulares”, não vai colar, porque seria um insólito número de auxiliares diretos e importantes a terem “motivos particulares”, e não políticos ou administrativos, para correrem para os barcos salva-vidas.

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