Editorial 1149: Ditadura cleptocrática
- Jornal Itajubá Notícias
- há 2 dias
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A frase passou pela história recente do país, como se tivesse sido produzida por um político em discurso na Câmara Federal, mas, na verdade, foi proferida pelo excepcional cronista Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto): “Ou restaure-se a moralidade, ou nos locupletamos todos”. Ponte Preta, autor da célebre obra “Febeapá (Festival de Besteiras que Assolam o País)”, dentre outras, na década de 1960, era cronista de alguns jornais, alguns comportados, outros, como “O Pasquim”, nem tanto.
Não faz muito tempo, um jornalista estrangeiro disse que “no Brasil, a corrupção era crônica”, e o então presidente da República, que, hoje, ocupa de novo o cargo, pela terceira vez, o quis expulsar do país. O passado, o então presente e o futuro que se avizinhava, provaram que ele tinha absoluta razão. O mais recente caso envolvendo a roubalheira e quebra do Banco Master, não é, na verdade, novidade para os brasileiros.
Na década de 1990, antes mesmo da chamada Era Petista, um dos mais tradicionais bancos brasileiros – o Nacional, de Minas Gerais, da família Magalhães Pinto – não durou muito depois da morte de seu fundador, o político mineiro José de Magalhães Pinto, ex-governador, senador e até candidato à presidência da República, em 1996. O governo era de Fernando Henrique Cardoso, o FHC, do PSDB, partido que, mais tarde, revelou-se um irmãozinho do PT, no chamado teatro das tesouras. O filho do velho banqueiro fez tanta falcatrua no tradicional banco, que o governo teve que “dar um jeitinho” para que os investidores não ficassem totalmente “na mão”. O mesmo aconteceu com outros diversos bancos e casas de investimentos, durante o período FHC.
À partir de 2003, com a chegada, agora de cara limpa, do PT ao governo, os golpes por bancos cessaram, porque era mais tranquilo roubar as estatais, distribuindo seu dinheiro entre parlamentares (Mensalão) ou botando no proprio bolso (Petrolão), dentre inúmeros outros escândalos, até chegarmos a bater as carteiras – ou os contracheques – dos aposentados e pensionistas do INSS, através dos sindicatos e suas federações e confederações, uma delas sob a vice-presidência do próprio irmão do presidente, e, agora, descobre-se pelo depoimento de um dos ladrões, que o chefão da quadrilha pagava uma mesada a um dos filhos desse mesmo presidente, de nada menos que R$ 300 mil por mês, 10 vezes mais que a mesada que, segundo apuração da Policia Civil de Minas Gerais, o Hospital de Clínicas de Itajubá (HCI) pagava ao ex-secretário de Saúde itajubense, Nilo Baracho.
Os corruptos sempre se autofestejaram no Brasil. O velho Ademar de Barros, governador de São Paulo, eleito democraticamente em 1963 e governou até 1966, orgulhava-se do título de ser o homem que “rouba, mas faz”, que, posteriormente, legou a Paulo Maluf, que também governou o estado e o carregava com o mesmo orgulho. Não faz muito tempo, o ministro do STF, Gilmar Mendes, classificou o Brasil como uma cleptocracia. Eram os tempos da Lava Jato. Mudou de ideia, ao que parece, pelo menos no que tange ao petismo. Hoje, o advogado de um dos ladrões do Banco Master, convida um colega de Gilmar para assistir ao jogo do Palmeiras, em outro país, o colega aceita o convite e viajam, juntos, num jatinho particular.